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07 maio, 2015

Protestos continuam - Geraldo Julio não é capaz de dialogar


O Movimento Ocupe Estelita realiza mais um ato contra o Plano Específico do Cais José Estelita, Santa Rita e Cabanga, que autoriza a construção do Projeto Novo Recife, na noite desta quinta-feira (7).
Os manifestantes se reuniram no final da tarde na Praça do Derby, na área central do Recife, e deram início a uma passeata pela Avenida Agamenon Magalhães por volta das 18h.
Segundo a Polícia Militar, 800 pessoas participam do protesto.
Os manifestantes contabilizam 3.000 pessoas.
Na saída, o ato fechou a avenida no sentido Recife / Olinda. A Troça Carnavalesca Empatando Tua Vista, que critica a verticalização excessiva da cidade, tomou a frente do movimento levando figuras de prédios para o lado da faixa do Ocupe, em alusão ao empreendimento que deve ser construído no Cais José Estelita.
Os manifestantes também ocuparam o sentido Olinda / Recife e a avenida ficou interditada nos dois lados por alguns minutos.

Depois disso, a passeata seguiu em direção ao bairro da Madalena, na Zona Oeste da capital. Os manifestantes seguiram pela Rua Joaquim Nabuco até chegar à Ponte da Capunga e à Rua José Osório. Ainda na Praça do Derby, membros do movimento disseram que não revelariam o destino final da passeata por questões de segurança.


A produtora cultural Glória Ferreira, integrante do Ocupe Estelita, explicou que o ato busca conscientizar a população e provocar uma discussão sobre o crescimento da cidade.
"O Recife precisa de lugares que o povo participe e se conscientizar que a cidade é de todos. A palavra é mesmo conscientização. Porque quando as pessoas entendem o que querem fazer com a cidade, elas tomam posição. E nesse momento o que a gente precisa é ocupar mesmo a cidade, vir pras ruas", afirmou.
Antes da caminhada, os ativistas leram um texto explicando os motivos do protesto. Eles reforçaram o desejo de democratizar a cidade e afirmaram que o prefeito Geraldo Julio (PSB) vai na direção contrária, porque não dialoga com a população.
“Um político que não é capaz de dialogar, nem construir a cidade para os recifenses, não tem legitimidade para permanecer no cargo de representante da população. Ocupamos a cidade e manteremos ocupada pelo tempo que for necessário para sua real transformação. Democratizar nossa cidade é nosso dever e desejo, mas um prefeito que governa contra o povo não pode continuar”, leu uma integrante do movimento, seguida por todos os ativistas em paródia.
"A nossa voz continua sim pela saída do prefeito Geraldo Julio, porque ele já deu motivos suficientes para isso, com atitudes de improbidade administrativa. Ele não pode vender nossa cidade para o capital e as construtoras. Por isso que nossa voz contra essa administração continua", opinou Douglas Brito, estudante de 22 anos e membro do movimento.
Esse é o segundo ato realizado esta semana contra o projeto. Na última terça (5), um protesto durou 5h e acabou em shopping do Recife. A área contemplada no plano fica no centro histórico da capital e é alvo de polêmica em função do projeto Novo Recife, que prevê a construção de 13 prédios residenciais e comerciais, com altura variando de 12 a 38 andares, no Cais José Estelita.

O Plano Específico do Cais José Estelita, Santa Rita e Cabanga foi aprovado pelos vereadores na segunda (4) em sessão extraordinária. O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), estava em viagem a São Paulo e sancionou o projeto no mesmo dia. O documento foi publicado no Diário Oficial do Município da terça (5). O trâmite para avaliação do projeto foi questionado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que ajuizou ação pedindo a devolução do plano para a prefeitura.


Entenda o caso
O projeto imobiliário Novo Recife, na área do Cais José Estelita, é alvo de polêmica desde que veio a público, em 2012. Ele prevê a construção de torres empresariais e residenciais. Em 2012, quando esse projeto ganhou corpo e veio a público, ativistas recifenses promoveram a primeira edição do Ocupe Estelita, inspirados pelo movimento "Occupy Wall Street". A ideia era realizar atividades culturais na área do Cais, para que a população conhecesse esse terreno tão estrategicamente localizado, mas abandonado há muito tempo. Desde então, o local foi palco de shows, aulas públicas e atividades de lazer, além de diversas manifestações e conflitos.
Cinco ações tramitam questionando o projeto imobiliário Novo Recife: uma ação civil pública do Ministério Público estadual, uma do Ministério Público federal e três ações populares. As ações populares pedem a nulidade do ato administrativo do então Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU), que aprovou a proposta imobiliária, no fim de 2012.
O Novo Recife afirma que o projeto foi muito estudado, respeita os parâmetros legais do estado, do município, e cumpre a lei. Durante o processo de negociação iniciado no primeiro semestre de 2014, o grupo de construtoras disse estar de acordo em fazer um redesenho do projeto. Segundo eles, o desenho da obra imobiliária prevista para o Cais foi concebido a partir de informações coletadas desde 1970 e foi elaborado por três arquitetos.

Depois de uma tentativa de demolição dos armazéns existentes no terreno, em maio do mesmo ano, que teve seu alvará posteriormente suspenso pela Justiça, o debate sobre o tema voltou a se intensificar. No começo do segundo semestre do ano passado, a Prefeitura do Recife abriu um prazo para receber sugestões para as diretrizes que guiariam o redesenho do projeto imobiliário. As alterações foram apresentadas pelo consórcio construtor em novembro. De posse de toda essa documentação, a PCR elaborou o projeto de lei, após ser aprovado no Conselho da Cidade, agora aprovado pela Câmara Municipal.


Em março de 2015, a área operacional do Pátio Ferroviário das Cinco Pontas foi incluída na Lista do Patrimônio Cultural Ferroviário Brasileiro. A decisão foi do Iphan. O pátio ferroviário fica no terreno do Cais José Estelita, vizinho ao local previsto para o projeto Novo Recife. Também em março, os integrantes do Movimento Ocupe Estelita e Direitos Urbanos entregaram uma petição para tombamento do Pátio Ferroviário das Cinco Pontas e do Cais José Estelita ao Iphan. O documento foi recebido pelo Departamento do Patrimônio Material e Fiscalização, e será analisado.


Fonte: G1

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