História
As comemorações carnavalescas e o próprio samba diferiam pouco do Rio de Janeiro para São Paulo, exceto por uma nítida diferença de andamento, ou seja, a grosso modo, de velocidade, de tempo da música. O sambista paulista, acostumado à árdua lida nas lavouras de café e migrando para a cidade para o trabalho operário, fazia o que Plínio Marcos denominou de “samba de trabalho, durão, puxado para o batuque”, contrastando com o lirismo e a cadência do samba carioca. Além disso, o samba paulistano era decisivamente influenciado por outros ritmos fortemente percussivos, como o jongo-macumba, também conhecido por caxambu. Data dessa época o início da relação entre o Carnaval e o direito: a repressão policial sofrida pelos sambistas, feita de forma dura e descriteriosa. Os sambistas, não só no Carnaval, mas durante todo o ano, eram vistos como vagabundos, marginais que eram duramente perseguidos pelas autoridades.
O marco definitivo das implicações jurídico-administrativas do Carnaval é a sanção, pelo Prefeito José Vicente Faria Lima (carioca, nascido em Vila Isabel e apreciador de samba), da Lei nº 7.100/67, destinada a regular a promoção do Carnaval pela Prefeitura Municipal de São Paulo, e regulamentada pelo Decreto nº 7.663/68. Essa lei, juntamente com a criação da Secretaria de Turismo e Fomento e as atividades por esta promovidas, encontrava-se num contexto de ampliação da atuação cultural da Municipalidade. Ainda como conseqüência desta política, foi idealizada no ano de 1968 e criada no ano de 1970 a Anhembi Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo S/A, (hoje chamada de SPTuris) sociedade de economia mista de capital aberto, que atualmente tem 77% de suas ações em propriedade da Prefeitura Municipal de São Paulo. A Anhembi teria, no futuro, papel de destaque nas transformações pelas quais passou o carnaval paulistano. A edição da lei acima referida iniciou o fenômeno denominado “oficialização do Carnaval”.
Embora aparentemente extremamente bem intencionada, a atuação da Prefeitura revelou-se desastrosa do ponto de vista cultural. Isso porque, embora o parágrafo único do artigo 1° da lei estipulasse vários investimentos públicos em infra-estrutura para acomodar festejos em vários pontos da cidade, além de instituir verbas e premiações, na prática os recursos foram destinados unicamente a organizar o desfile das Escolas de Samba, decretando, pela falta de incentivo e recursos, o fim dos cordões e da ligação do Carnaval paulistano com suas raízes culturais.
Os cordões que sobreviveram tiveram de se submeter à lógica dominante a partir de então e se transformaram em Escolas de Samba (como os já citados Vai-Vai e Camisa Verde e Branco).
Também fazia parte da “oficialização” a organização das Escolas de Samba em uma entidade representativa, a UESP – União das Escolas de Samba de São Paulo, que atualmente organiza as divisões inferiores dos desfiles carnavalescos. Em decorrência disso, em 1968, ocorreu o primeiro desfile oficial das Escolas de Samba, realizado na Avenida São João, tendo se sagrado campeã a Escola de Samba Nenê de Vila Matilde, com o enredo “Vendaval Maravilhoso”, que falava sobre Castro Alves.
A partir daí, e com o apoio da Prefeitura Municipal de São Paulo, que optou por dirigir sua atuação e captar capital privado por meio de sua entidade de administração indireta, a Anhembi S/A, o Carnaval não parou de crescer. Em 1977 o desfile foi transferido para a Avenida Tiradentes, onde eram construídas arquibancadas que comportavam (ainda que com pouca infra-estrutura) trinta mil pessoas.
Em 1986, a organização das Escolas de Samba passou a ser feita nos moldes atuais, com a fundação da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo – LigaSP. A LigaSP, de certa forma, substituiu a UESP, porém sem extingui-la, uma vez que a representação das agremiações tornou-se bipartite: as Escolas do Grupo Especial e do Grupo de Acesso (respectivamente a primeira e a segunda divisão) eram representadas pela LigaSP acima aludida; as Escolas dos grupos inferiores, bem como os blocos, pela UESP, que deixou de representar todas as Escolas como fazia desde a sua fundação.
Em 1990, a Prefeita Luiza Erundina de Souza sancionou a Lei nº 10.831, que, de acordo com sua emenda "oficializa o Carnaval da Cidade de São Paulo, revoga a Lei n° 7.100/67, e dá outras providências". Esta lei acomete à Prefeitura, por meio do artigo 3°C/c artigo 2°, II, a responsabilidade de organizar o Carnaval, por meio da Anhembi S/A. A lei também reconhece e institucionaliza a representação das Escolas de Samba por meio de entidades associativas, que, desde 1986, funcionava da maneira acima descrita.
A Lei n° 10.831/90 desencadeou a última mudança de endereço dos desfiles de Carnaval, que se deu em 1991, quando passaram a ser realizados no Pólo Cultural Grande Otelo, uma grande passarela de mais de quinhentos metros construída na Avenida Olavo Fontoura, e popularmente conhecido por Sambódromo do Anhembi. Este local, de propriedade da Anhembi S/A, sedia os desfiles desde então, e nele ainda são realizados diversos eventos das mais variadas naturezas.
Temos, dessa forma, que a atuação administrativa da Prefeitura Municipal de São Paulo, por meio de leis e decretos, e de seu órgão de administração indireta, interagindo com fatores históricos, sociológicos e antropológicos, determinou a forma atual do Carnaval paulistano, inclusive determinando o abandono de suas raízes culturais e musicais.
A partir de 2006 passou a vigorar dois títulos no Carnaval paulistano. O primeiro e mais importante título é o do Grupo Especial das Escolas de Samba, o outro título, passou a ser disputado apenas pelas escolas ligadas a torcidas organizadas de clubes de futebol, casos da Mancha Verde (ligada ao Palmeiras) e Gaviões da Fiel (ligada ao Corinthians), nascia assim o Grupo Especial das Escolas de Samba Desportivas. A intenção em 2006 era realizar apenas esse Grupo de Escolas Desportivas quando houvessem 2 ou mais agremiações ligadas a clubes disputando o Grupo Especial do Carnaval, mas em 2007, mesmo com a presença apenas da Mancha Verde no Grupo Especial, o título foi mantido, dando o bi-campeonato a torcida do Palmeiras, que levara o primeiro título desse novo grupo em 2006.
Em 2008 o Grupo Especial das Escolas de Samba Desportivas deixa de existir, fazendo com que Gaviões da Fiel e Mancha Verde voltem a disputar com as outras escolas o título do Grupo Especial no carnaval 2008.
Carnaval de 1950 até hoje
No início da década de 50 o carnaval de São Paulo era pequeno, a escola que mais se destacava era a Lavapés que ganhou muitos títulos na época, mas essa invencibilidade de 4 anos foi quebrada no ano do IV Centenário de cidade, pela Escola de Samba Brasil de Santos (escola que disputou no começo o Carnaval de São Paulo e hoje disputa o carnaval de sua cidade, foi campeã de Santos em 2007).
Em 55 e 56 a escola campeã foi a Garotos do Itaim, e nesse último ano dividiu o título com uma escola que acabava de surgir e viria a ser mais para frente a escola mais tradicional da cidade, a Nenê de Vila Matilde.
Em 1957 a campeã foi uma escola que também faria história na terra da garoa, a Unidos do Peruche.
Entre 1958 e 1970, a hegêmonia foi da Nenê, que conquistou 8 títulos em 12 anos, porém com espaço para mais títulos da Lavapés e até um tricampeonato da Peruche.
Entre 1971 e 73 a campeã foi a Mocidade, que era uma novidade na cidade.
Já no espaço de tempo entre 74 e 77 ocorreu a maior glória do Camisa até hoje, o tetracampeonato, e junto com o tetra veio uma das maiores obras-primas do carnaval, o samba enredo de 1977, "Nairanã, a alvorada dos pássaros".
Em 1978 veio o primeiro título da Vai - Vai. Dando um pulo para 80, veio o quarto título da Mocidade, com um samba maravilhoso, "Embaixada do sonho e bamba".
Em 81 e 82 deu Vai - Vai, com destaque para o samba de 82 "Orun Ayê, o eterno amanhecer".
Em 1983 e 84, a Rosas ganhou seus primeiros títulos, destacando a conquista de 83, com o enredo "Nostalgia".
Já em 85, com "O dia em que o Cacique rodou a baiana, ai ó!", a Nenê conquistou seu décimo título e assim, o convite para desfilar na Marquês de Sapucaí no desfile das camnpeãs daquele ano, ao lado de Mocidade Ind. de Padre Miguel e Beija-flor de Nilópolis, campeã e vice de 85, respectivamente. Entre 85 e 88, Vai - Vai campeã mais três vezes, com destaque para um samba enredo que não foi campeão mais marcou época na Carnaval de São Paulo, "O poeta falou , Zona Leste somos nós" , apresentado pela Nenê em 88, uma samba que até hoje é motivo de orgulho para os habitantes dessa região da cidade.
Em 1989, Camisa campeão. O grande destaque do ano foi a Leandro de Itaquera, outra escola da Zona Leste, que em sua estréia no Grupo I (hoje Especial) chamou a atenção, com "Babalotim, a história dos afoxés".
Camisa e Rosas dividiram os títulos de 1990 e 1991.
Outro marco do Carnaval de São Paulo nascia em 1992 com o título da Rosas de Ouro , um samba que vive até hoje nos corações de todos os paulistanos, uma pérola do carnaval de São Paulo e do Brasil. "Non Dvcor Dvco, Qual é a minha cara?" fez história na cidade.
Em 1993 Camisa e Vai - Vai dividiram o título com "Talismã" e "Nem tudo que reluz é ouro", respectivamente.
Em 1994, com outro espetáculo na passarela, a Rosas foi campeã pela sexta vez, com o enredo "Sapoti", em homenagem a Angela Maria.
Em 1995, Gaviões da Fiel ganha seu primeiro título com um dos sambas enredo com reconhecimento "Coisa boa é pra sempre" que falava sobre a infância.
Em 1996, a Vai - Vai ganhava mais um título com "A rainha, a noite transforma",falando sobre a rainha da noite - Lilian Gonçalves
Em 1997 foi uma novata,que chamou realmente a atenção, estando só desde 95 no Grupo Especial, X-9 Paulistana, com "Amazônia, a dama do universo" ganhou seu primeiro título.
O carnaval de 98 teve como grande vencedora a Vai - Vai, com "Banzai Vai - Vai", relativo ao Japão.
O carnaval de 99 foi o maior até então. Mas, no geral duas escolas se destacaram, Vai - Vai (a campeã), porém, uma surpresa, a Gaviôes da Fiel, que acabou dividindo o título com a Saracura e a Nene em (3o.).
No Carnaval de 2000, numa proposta inovadora até então a história do Brasil foi dividida em 14 partes, e cada escola contaria uma parte. O Carnaval teve duas campeãs novamente: Vai - Vai (que ganhou o tri) e X-9 Paulistana. Vai - Vai com "Vai-Vai Brasil relativa ao período de 1985-2000" e X-9 com "Quem é você? Café", relativo ao período do ciclo do café.
O Carnaval de 2001 foi até então o maior. Com duas campeãs, Vai - Vai (tetra) e Nenê, que quebrou um jejum de 15 anos. A saracura falou de luz, e a nenê cantou a participação do negro na história.
Escolas de samba
A cidade de São Paulo possui cerca de 200 Agremiações Carnavalescas entre Escolas de Samba e Blocos (atuantes e extintas).
As mais tradicionais e mais vencedoras formam uma lista de 5 escolas: Nenê de Vila Matilde, Vai-Vai, Camisa Verde e Branco, Mocidade Alegre e Rosas de Ouro.
Essas escolas têm histórias de fundação bem diferentes, o Camisa Verde e Branco foi cordão na década de 1930, e ressurgiu em 1953 com o nome de Cordão Carnavalesco Camisa Verde e Branco.
O nome dessa escola tradicional do bairro da Barra Funda se originou das vestimentas dos componentes de cordão que sempre desfilavam de camisas brancas e calças verdes, o Camisa Verde ganhou 9 títulos do carnaval de São Paulo.
O Vai-Vai também foi cordão. Fundada em 1930, atualmente é a Agremiação mais antiga da cidade, mas há controvérsias, existem pessoas que dizem que a escola do bairro da Bela Vista, mais conhecido como Bixiga, teve sua fundação um pouco mais tarde, já os componentes dizem que a escola é mesmo de 01 de Janeiro de 1930, essa escola venceu o carnaval em Sampa, com 13 vitórias.
A Nenê de Vila Matilde já foi fundada como escola de samba, a segunda mais antiga da cidade, (depois da Lavapés, fundada em 1930), fundada em 01 de Janeiro de 1949 a segunda escola maior vencedora, com 11 títulos, é tradicionalmente defensora de sua região de origem, a Zona Leste.
Mocidade Alegre e Rosas de Ouro, foram fundadas em 1967 e 1975 respectivamente, são duas grandes escolas da Zona Norte da cidade, a primeira do Bairro do Limão e a segunda nasceu na Vila Brasilândia, mas hoje fica no bairro ao lado, a Freguesia do Ó, cada uma ganhou 6 títulos.
Escolas de samba desportivas
Foi um fenômeno que surgiu quando Gaviões da Fiel e a Torcida Jovem do Santos entraram para o desfile oficial de blocos carnavalescos.
No entanto, o fenômeno cresceu com a transformação da Gaviões, de bloco, em escola de samba, caminho que foi seguido mais tarde por outras torcidas, inclusive a própria Jovem-Santos, que tornou-se escola de samba em 2003. Em 1995 a torcida do Palmeiras, Mancha Verde, após ser judicialmente extinta, transformou-se em escola de samba para continuar a existir legalmente.
Anos depois, a Torcida Independente foi banida do Carnaval pela UESP após uma briga onde foram mortos integrantes de torcidas rivais.
Em 2004, a Mancha Verde sagrou-se campeã do grupo de acesso paulistano, ascendendo para a divisão de elite do Carnaval, mas naquele ano, surpreendentemente, a atual campeã Gaviões da Fiel acabou rebaixada.
O termo "escola de samba desportiva" surgiria definitivamente em 2006, quando, com o retorno da Gaviões ao grupo principal, o regulamento previamente aprovado previa a criação do Grupo Especial das Escolas de Samba Desportivas, que abrigaria todas as escolas desportivas que chegassem ao Grupo Especial. Elas então deveriam disputar uma competição em separado, num desfile à parte.
Através de acordos e decisões judiciais, ambas as escolas participaram da competição principal em 2006 e 2007 (nesse último ano apenas a Mancha desfilou entre as grandes pois a Gaviões novamente havia sido rebaixada). Ainda assim, a LigaSP não reconhece as colocações da Mancha entre as outras 14 escolas que participaram do desfile principal, colocando-a numa categoria à parte, onde competiu sozinha e foi declarada bi-campeã. Para 2008, o Grupo das Esportivas foi oficialmente extinto.
Esses acontecimentos foram uma tentativa da LigaSP de excluir da competição as duas escolas ligadas a torcidas, por medo de que as brigas entre torcidas organizadas, muito comuns nos estádios de futebol, pudessem se espalhar pelo sambódromo e prejudicar o evento. Até hoje, no entanto, não se tem notícias de incidentes graves e as diretorias de Mancha e Gaviões mantém um bom relacionamento.
Outras escolas ligadas a torcidas de clubes de futebol são Dragões da Real, Camisa 12, Sangue Jovem, TUP e Estopim da Fiel.
Fonte: Wikipedia
Veja também:
Entrudo
Limão de Cheiro
Carnaval
Carnaval do Brasil
O Carnaval no mundo
Carnaval nos Estados Unidos
Carnaval de Torres Vedras - Portugal
Carnaval da Alemanha
Carnaval da Itália
Carnaval do Rio de Janeiro
Carnaval de Vitória
Carnaval de Florianópolis
Carnaval de Porto Alegre
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