A conclusão de McPherson foi rápida. As mesmas lentes usadas para absorver as cores do raio laser poderiam ser usadas para outro propósito: corrigir a luz para que daltônicos pudessem enxergar cores.
Após a descoberta, ele começou a pesquisar o daltonismo e conseguiu autorização de institutos nacionais de saúde dos EUA para a realização de testes clínicos. Junto com Tony Dykese e Andrew Schmeder, montou a EnChroma Labs, empresa especializada na fabricação desses óculos com lentes de policarbonato, que custam entre US$ 330 a US$ 450.
Como funciona a "mágica"
McPherson explica que todas as pessoas têm três tipos de fotoreceptores nos olhos, também conhecidos como cones, que são sensíveis ao azul, verde e vermelho. O azul opera de forma relativamente independente, enquanto os cones vermelhos e verdes podem se sobrepor, o que afetaria a percepção de certas cores.Por exemplo, se 10 fótons (partículas de radiação eletromagnética, o que inclui a luz) sensibilizam o cone vermelho e 100, o cone verde, o objeto visto parece mais verde. Já no caso de um número igual de fótons alcançar os cones vermelhos e verdes, a cor percebida seria amarelo. Um problema surge quando a percepção dos cones de vermelho-verde se sobrepõe em demasia, situação que é verificada em 99% dos casos de daltonismo. Assim, num cenário de cores próximas, em vez de amarelo, o indivíduo percebe pouca ou nenhuma cor.
A tecnologia dos óculos desenvolvidos por McPherson funciona através da colocação de uma banda de absorção nas lentes que captura a luz, deixando passar apenas o suficiente para sensibilizar os fotoreceptores e corrigir defeitos na visão. Alguns usuários em quem os óculos funcionam descrevem a mudança representada pelo uso das lentes. "É muito estranho ver as coisas de forma diferente, pela primeira vez em 45 anos. Estou ansioso para ver o meu primeiro arco-íris", diz Marc Drucker, um dos clientes da marca. Porém, o recurso foi capaz de resolver o problema na visão de cerca de 80% dos clientes.
Dr. Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier, perito em medicina do tráfego e membro da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) diz que temos 16 milhões de brasileiros daltônicos, e a novidade lançada nos EUA, pode ajudar além dos que tem dificuldade de enxergar cores, quase metade da população, que é o índice de brasileiros que precisam usar óculos de grau e por isso tem redução da visão de contraste.
Numa velocidade de 120km/hora, o atraso no reflexo dos condutores com problemas de visão chega a quase um segundo, tempo suficiente para causar uma colisão.
Como funciona
Entre daltônicos acontece uma anomalia genética nos cones, células da retina responsáveis pela visão de cores. São 3 classes de cones que absorvem cumprimentos diferentes de luz: vermelho, azul e verde. Estudos mostram que 75% dos daltônicos têm deuteranopia, ou seja, não enxergam a cor verde; 24% têm protanopia ou dificuldade com o vermelho e 1% têm tritanopia ou deficiência visual para a cor azul e o amarelo.
Daltonismo pode passar despercebido
Como se trata de uma alteração genética a maioria dos daltônicos já nasce com o problema e acaba se adaptando à visualização limitada de cores, por isso muitos não sabem que têm a alteração.
Quando um dos pais é daltônico, recomenda-se encaminhar a criança ao oftalmologista para passar pelo teste de Ishihara.
O problema atinge 8% da população na proporção de 7% dos homens para 1% das mulheres e, embora incomum, pode ocorrer na idade adulta como efeito colateral de medicamentos para hipertensão arterial e problemas psicológicos ou pela exposição a produtos químicos como fertilizantes.
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