08 agosto, 2015

Daltonismo - Cientista desenvolve acidentalmente óculos que corrige o problema

Durante uma partida de frisbee em 2005, Don McPherson, especialista em pesquisa de lentes, usava um par de óculos que havia desenvolvido para médicos diferenciarem o sangue dos tecidos durante cirurgias a laser, porque as lentes absorvem grande quantidade de luz. Um amigo, que tem daltonismo, pediu os óculos emprestados, por mera curiosidade. Ao colocá-lo no rosto, espantou-se com o que viu. "Consigo enxergar os cones!", disse, referindo-se aos cones de trânsito laranjas que estavam  na rua. 

A conclusão de McPherson foi rápida. As mesmas lentes usadas para absorver as cores do raio laser poderiam ser usadas para outro propósito: corrigir a luz para que daltônicos pudessem enxergar cores.
Após a descoberta, ele começou a pesquisar o daltonismo e conseguiu autorização de institutos nacionais de saúde dos EUA para a realização de testes clínicos. Junto com Tony Dykese e Andrew Schmeder, montou EnChroma Labsempresa especializada na fabricação desses óculos com lentes de policarbonato, que custam entre US$ 330 a US$ 450. 



Como funciona a "mágica"
McPherson explica que todas as pessoas têm três tipos de fotoreceptores nos olhos, também conhecidos como cones, que são sensíveis ao azul, verde e vermelho. O azul opera de forma relativamente independente, enquanto os cones vermelhos e verdes podem se sobrepor, o que afetaria a percepção de certas cores.

Por exemplo, se 10 fótons (partículas de radiação eletromagnética, o que inclui a luz) sensibilizam o cone vermelho e 100, o cone verde, o objeto visto parece mais verde. Já no caso de um número igual de fótons alcançar os cones vermelhos e verdes, a cor percebida seria amarelo. Um problema surge quando a percepção dos cones de vermelho-verde se sobrepõe em demasia, situação que é verificada em 99% dos casos de daltonismo. Assim, num cenário de cores próximas, em vez de amarelo, o indivíduo percebe pouca ou nenhuma cor.


A tecnologia dos óculos desenvolvidos por McPherson funciona através da colocação de uma banda de absorção nas lentes que captura a luz, deixando passar apenas o suficiente para sensibilizar os fotoreceptores e corrigir defeitos na visão. Alguns usuários em quem os óculos funcionam descrevem a mudança representada pelo uso das lentes. "É muito estranho ver as coisas de forma diferente, pela primeira vez em 45 anos. Estou ansioso para ver o meu primeiro arco-íris", diz Marc Drucker, um dos clientes da marca. Porém, o recurso foi capaz de resolver o problema na visão de cerca de 80% dos clientes.

Dr. Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier, perito em medicina do tráfego e membro da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) diz que temos 16 milhões de brasileiros daltônicos, e a novidade lançada nos EUA, pode ajudar além dos que tem dificuldade de enxergar cores, quase metade da população, que é o índice de brasileiros que precisam usar óculos de grau e por isso tem redução da visão de contraste.
Numa velocidade de 120km/hora, o atraso no reflexo dos condutores com problemas de visão  chega a quase um segundo, tempo suficiente para causar uma colisão. 

Como funciona
Entre daltônicos acontece uma anomalia genética nos cones, células da retina responsáveis pela visão de cores. São 3 classes de cones que absorvem cumprimentos diferentes de luz: vermelho, azul e verde. Estudos mostram que 75% dos daltônicos têm deuteranopia, ou seja, não enxergam a cor verde;  24% têm protanopia ou  dificuldade com o vermelho e 1% têm tritanopia ou deficiência visual para a cor azul e o amarelo.

Daltonismo pode passar despercebido
Como se trata de uma alteração genética a maioria dos daltônicos já nasce com o problema e acaba se adaptando à visualização limitada de cores, por isso muitos não sabem que têm a alteração.
Quando um dos pais é daltônico, recomenda-se encaminhar a criança ao oftalmologista para passar pelo teste de Ishihara
O problema atinge 8% da população na proporção de 7% dos homens para 1% das mulheres e, embora incomum,  pode ocorrer na idade adulta como efeito colateral de medicamentos para hipertensão arterial e problemas psicológicos ou pela exposição a produtos químicos como fertilizantes.

Fonte: opticanet / uol

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