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05 setembro, 2012

Prédio será demolido para recuperar paisagem


Na tentativa de devolver ao centro de São Paulo parte de sua paisagem histórica, a Prefeitura vai demolir um edifício-garagem de 31 andares localizado na Rua 25 de Março. O prédio é considerado pela administração municipal um “obstáculo visual” entre a várzea do Rio Tamanduateí e a chamada “colina histórica”, onde ficam o Pátio do Colégio e a Catedral Metropolitana da Sé, segundo nota do governo municipal.

No lugar do edifício será construído um centro popular de compras, mas o imóvel será bem mais baixo – os prédios vizinhos têm no máximo 4 andares. 

Segundo a Prefeitura, ainda serão feitos estudos para definir detalhes do projeto. A proposta, no entanto, valoriza a paisagem: haverá um mirante com vista para a colina histórica e para o Parque D. Pedro II. Nesse local está previsto a construção de um setor de bares e restaurantes.

No total, o shopping popular terá 10 mil metros quadrados de área construída, divididos em um subsolo e mais três pavimentos. “A galeria abrigará espaços para a instalação de boxes comerciais de portes variados”, informa nota da Prefeitura.

Não há prazo para o início das obras, que fazem parte do segundo de quatro lotes de intervenções do projeto de revitalização do Parque D. Pedro II. A desapropriação deve custar cerca de R$ 5 milhões, segundo decretos que garantem reserva de recursos publicados no Diário Oficial da Cidade entre sexta-feira (dia 31) e esta terça-feira.

O Garage Parque 25 foi construído na década de 1980. Além de oferecer 630 vagas de estacionamento, ele abriga, no térreo, lojas de roupas e bijuterias. O plano municipal prevê a criação de 2.600 pontos de estacionamento na região – parte em uma garagem subterrânea na Praça Fernando Costa.
Para o arquiteto e urbanista Valter Caldana, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a demolição do edifício é bem-vinda. “Esse prédio nem deveria ter sido construído. Ele é um entrave em uma das paisagens mais importantes de São Paulo, onde tudo (a cidade) começou.”

O especialista ressalta que o projeto ajuda a resgatar a identidade do centro. “A paisagem é um patrimônio importante para a sociedade. Vê-la e entender como a cidade surgiu é importante para a identidade de São Paulo.”

Apesar da decisão da Prefeitura, muitos comerciantes ouvidos pelo Jornal da Tarde desconheciam os planos para a região. “Faz uns dois anos que começaram a falar de desapropriação aqui, mas isso aí deu uma parada. Acho que já desistiram”, diz a balconista Carmen Pires de Oliveira, de 31 anos. Em um açougue vizinho ao estacionamento vertical, a criação de um centro de compras também era desconhecida. “Demolir para fazer um camelódromo? Mas já não tem lojas demais aqui na 25?”, questiona o açougueiro Thiago Moreno, de 24 anos.
A secretária executiva da União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências (Univinco), Cláudia Urias, acredita que a região não precisa de mais um centro de compras. “A 25 tem 38 shoppings. São tantos espaços que muitos boxes estão vazios, por falta de interessados em alugar”, afirma Cláudia. “Por outro lado, faltam vagas de estacionamento”, destaca.
Apesar da opinião, Cláudia diz que os comerciantes são a favor da revitalização do Parque D. Pedro. Mas esperam que alguns pontos, como a criação do shopping popular, sejam revistos.

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